Estudo aponta coleta desnecessária e possível venda de dados por apps de fertilidade na Austrália

Estudo aponta coleta desnecessária e possível venda de dados por apps de fertilidade na Austrália

Um estudo, realizado pela pesquisadora de direito da Universidade de New South Wales, Dra. Katharine Kemp, em parceria com o grupo de consumidores Choice, apurou as políticas de privacidade dos 12 principais aplicativos de fertilidade da Austrália, que ajudam as pessoas a calcular ciclos menstruais, ovulação, potenciais janelas férteis e estágios de fertilidade, gravidez.

Desses 12 aplicativos, 4 estão coletando informações altamente confidenciais, desnecessariamente, e deixando a porta aberta para vender os dados para outras empresas, segundo o estudo. 

A política de privacidade do BabyCenter concedia à empresa coletar informações sobre seus usuários por meio de outras empresas e corretoras de dados. Além disso, de vender dados pessoais para outras empresas ou fornecer os dados para empresas que anunciam no aplicativo. Ele também permite o rastreio no app por essas empresas, a menos que as pessoas desistam do rastreamento.

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Ainda, o aplicativo não deixa claro se os dados são apagados após um determinado período de tempo. Isso tudo foi descoberto pela Choice. 

Outra descoberta foi com relação aos aplicativos de fertilidade Ovia Fertility and Pregnancy é a de que eles coletam dados extensos não necessários para o aplicativo, incluindo doenças, situação financeira, segurança, moradia e nível educacional. 

Já os aplicativos Glow Fertility, Nurture e Eve, a Choice averiguou que os apps “coletam mais informações” sobre usuários de outras empresas, que são descritos apenas como fontes de terceiros. E o aplicativo também possui tecnologias de rastreamento.

De acordo com os termos, a Glow pode divulgar todos os dados do usuário para outra empresa se vender o app ou o banco de dados para outra organização. 

A Choice relatou que o aplicativo What To Expect pode coletar informações de outras empresas, permite a venda de dados do usuário e também permite que outras empresas rastreiem usuários no aplicativo.

Na visão de Kate Bower, defensora dos dados do consumidor na Choice, a parte mais preocupante são os aplicativos de fertilidade que monetizam dados. 

É bastante comum que os aplicativos monetizem os dados que coletam do aplicativo, mas o que é único nos aplicativos de fertilidade é o quão confidenciais e privadas essas informações são. Não é apenas o seu período, mas pede informações sobre a frequência com que eles fazem sexo, se tiveram ou não um aborto espontâneo. Ele pode inferir se você teve um aborto espontâneo, se engravidou e então esses dados param de ser coletados”, disse.

Bower alertou que, embora os aplicativos possam ser vendidos como um serviço de saúde, eles podem estar mais interessados ​​na coleta de dados. Ela disse que, após as violações de dados do Optus e do Medibank, a ausência de políticas claras de alguns apps sobre quanto tempo os dados são mantidos é motivo de preocupação.

O Guardian Australia foi atrás de uma posição de todos os quatros desenvolvedores de aplicativos. Em comunicado, a Glow disse que a empresa não compartilha dados pessoais e nunca venderá dados de usuários.

Também disseram que a empresa permite que os usuários excluam seus principais dados de saúde dos servidores, permanentemente, e os armazenem somente em dispositivos locais.

É simplesmente contra nossos valores fundamentais. Temos um extenso conjunto de protocolos internos que protegem os dados do usuário. Também implementamos avaliações anuais de privacidade e segurança de terceiros para garantir que nossa plataforma forneça o mais alto nível de proteção de dados para nossos usuários”.

Apesar de a Choice não classificar como perfeito, o estudo constatou que o aplicativo Natural Cycle era o melhor dos examinados, fornecendo resumos de privacidade claros e concisos, deixando que os usuários cancelassem o uso de dados para pesquisa, não realizando o compartilhamento de dados e permitindo que o usuário faça a solicitação de exclusão de seus dados. 

Vale lembrar que houve uma pressão para que as pessoas não usassem mais os aplicativos de rastreamento em meio a temores de que poderiam ser usados contra eles em estados que impõem leis antiaborto rígidas. Isso após a decisão da Suprema Corte dos EUA de derrubar Roe v Wade – o direito constitucional ao aborto. 

Por fim, Bower disse que os desenvolvedores de aplicativos podem ser obrigados, como parte de solicitações legais, a entregar os dados mantidos.

Fonte: The Guardian

Autor(a): Josh Taylor

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