O hospital CommonSpirit Health, dos Estados Unidos, sofreu em outubro um ataque cibernético que atingiu o sistema interno. Orquestrado por hackers o acontecimento provocou uma overdose em uma criança que teve acesso a uma dose exagerada do analgésico que precisava.
Kelley Parsi, mãe do menino de 3 anos, detalhou que a internação de seu filho se deu por conta da retirada da amígdala e que, após a cirurgia, ele ficaria poucos dias em observação antes de obter alta.
Com o ataque o sistema do local foi afetado, o que provocou mudanças na operação. O menino recebia os remédios por soro quando o sistema que fazia os cálculos da dosagem parou. Logo em seguida o médico acabou oferecendo “a ele cinco vezes o que foi prescrito”, destacou Kelly.
Ela completa dizendo que “devido ao ataque cibernético, meu filho teve uma overdose de analgésicos“. O garoto não sofreu consequências graves com o ato e recebeu alta alguns dias depois.
O jornal NBC News, responsável pela entrevista e matéria, revelou que o hospital não se pronunciou sobre o assunto por conta da confidencialidade do paciente. Apenas um comunicado foi divulgado onde a instituição afirma que está “comprometido em fornecer atendimento seguro e de qualidade para todos os pacientes“.
Adiamento
Outra paciente, Rachel Cupples, também teve problemas com um dos hospitais. Sua cirurgia teve que ser remanejada após tentar agendar e perceber que o local não aceitaria novos agendamentos por conta dos ciberataques de ransomware.
Ela que já estava sofrendo com dores no abdômen em setembro descobriu o cisto no ovário na mesma época, foi quando tentou agendar a cirurgia. O hospital que estava também era da franquia CommonSpirit e teve complicações para agendar novos clientes após o ataque.
Rachel revela que “liguei e descobri que todos os sistemas estavam inoperantes e que não podiam agendar ou fazer nada. Ninguém realmente sabia naquele momento (ou pelo menos eles não estavam compartilhando) quanto tempo ia durar“.
O funcionamento do agendamento se deu apenas em outubro, mês em que a paciente conseguiu fazer a cirurgia. Rachel entendeu que “não foram os médicos. Não foi a enfermeira ou qualquer uma dessas pessoas. Eles realmente fizeram o seu melhor“. Ela percebeu que os verdadeiros culpados foram os hackers.
LEIA TAMBÉM:
- Tomada de subsídio para simplificação das operações de tratamento de dados é aberta
- Aprovação do PL Cripto é solicitada por entidades em carta para Arthur Lira
O que é ransomware?
É considerado um programa malicioso (malware) que tem o poder de bloquear e converter textos de arquivos para códigos. Dessa forma a empresa que recebe o ataque não consegue acessar as informações e os hackers pedem uma quantia para devolver o acesso a empresa.
Seja para acessar documentos da empresa, o sistema principal ou programas, a ação pode acabar afetando a todos: empresas de pequeno porte, pessoas físicas, setor público e grandes empresas.
Combate ao ransomware
Nesse tipo de ataque o sistema é afetado e os computadores e informações das empresas são guardadas pelos hackers. Esse tipo de ataque é um dos mais preocupantes para as instituições que precisam garantir a segurança cibernética.
A rede CommonSpirit Health possui mais de 140 hospitais em 21 estados e é encarada como um sistema de saúde. Um levantamento da Agência Federal de Segurança Cibernética e Infraestrutura destacou que hospitais que recebem esse tipo de ataque costumam receber mais tensão, o que está relacionado com maiores taxas de mortalidade de pacientes.
A diretora de estratégia do Instituto de Segurança e Tecnologia, Megan Stifel, revelou que os ataques de ransomware em instituições de saúde demonstram a falta de controle dos hackers. Segundo Megan, “se você deixar um sistema hospitalar off-line por alguns dias, um grande transtorno acontece. Precisamos chamar a atenção das pessoas para dizer que isso é um problema real. Isso impacta a vida humana“.
Fonte: UOL
Autor(a): Simone Machado